VII Volta reúne Unicamp, sociedade e várias histórias

event_noteAtualizado em: 02/12/2016

“Faço 20 quilômetros na quarta-feira. Na sexta, faço uns tirinhos, mas não deixo de correr nos outros dias. Sempre, à noite, são 40 quilômetros atrás do caminhão de lixo.” Neste tom de brincadeira e missão bem cumprida, Fábio Barbosa de Oliveira comemora a vitória da prova de 10 quilômetros da 7ª Volta da Unicamp, realizada neste domingo no campus de Barão Geraldo. Atleta da Lurdes Salgados, de Valinhos (São Paulo), o gari de Campinas declara ter precisado de apenas um ano de treino para chegar em primeiro com um tempo de 00:32:17. Neste período, com 30 anos de idade, já participou de várias provas e, humildemente, conta que já foi o primeiro colocado em sua categoria. No final, confessa: “Corro das 18h30 às 2h30.” (Veja a galeria de fotos produzidas por Antônio Scarpinetti)


Com tradição de sete anos, a Volta da Unicamp começa a colecionar histórias, como a do campeão geral da categoria masculina dos 5 quilômetros deste ano, Anísio Rodrigues Filho (00:16:34), que une a paixão pelas pistas e pelas ruas à missão de cuidar da avó de 93 anos. “Opto pela prova de 5 quilômetros porque não tenho como treinar 100 quilômetros por semana para me preparar para a corrida de 10 quilômetros. É necessário fazer treinamento de volume para não correr risco de fadiga”. Então fica a dica de Rodrigues para quem quer se preparar para percursos mais longos e chegar na frente, afinal, são palavras de quem, mesmo com as intempéries, ganhou seis das sete edições, no percurso de 5 quilômetros, vestindo a camisa do Labex/GGBS. Além de atleta, Rodrigues frequenta aulas no Laboratório de Fisiologia do Exercício (Labex).



As atividades do Labex também foram responsáveis pela vitória de Maria Cecília Teixeira Favorato na prova de 5 quilômetros, com tempo de 0:21:15. Na de 10, o prêmio foi para a corredora da RX Assessoria Esportiva Luana Cunha de Andrade (00:42:26). Vencedora pela quarta vez na categoria docentes da Unicamp, a professora do Instituto de Química Luciana Gonzaga de Oliveira destaca a contribuição do laboratório: “O programa contempla todas as categorias da Unicamp e pessoas da comunidade. Todos fazem treinamento monitorado com Ronaldo Dias e Cristiano Amaral. E o GGBS tem sido essencial neste sentido porque patrocina todos os atletas, a inscrição, pagamento de treinador na pista para que tenha orientação e para que possamos participar de corridas amadoras que acontecem principalmente no circuito metropolitano de Campinas, mas fora de Campinas também”.

O chefe de gabinete da Reitoria da Unicamp, Paulo Cesar Montagner, declara que a Volta está entre as atividades esportivas já consagradas da Unicamp. “Esperamos, com proposta discutida entre o Gabinete da Reitoria, a Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Preac), o Instituto de Artes, a Faculdade de Educação Física (FEF), a Faculdades de Ciências Aplicadas e as atléticas da Universidade, criar uma política esportiva para o Ginásio da Unicamp.” Segundo Montagner, alguns planos avançam aos poucos e o próximo passo é efetivar modelo de estudo em torno da atual cultura esportiva da Unicamp. “A Unicamp merece que tenha isso como parte de seu dia, como valorização da cultura esportiva na sua comunidade e suas possibilidades de desenvolvimento.”



Este ano, o evento reuniu quase 3 mil pessoas, de acordo com o diretor da FEF, Miguel Arruda. A corrida, em sua opinião, tem distinção pela oportunidade de participação das comunidades interna e externa e pela opção entre caminhar ou correr. Além disso, a corrida é importante na formação de futuros profissionais. “Não é só a prova em si; a organização também é discutida em algumas disciplinas e o que é abordado em sala vem para dentro da corrida”, acrescenta.

O coordenador-geral da Unicamp, Alvaro Crósta, também enfatiza as várias vertentes da Volta. “A prova começa com a sugestão de um aluno e vira uma atividade ao mesmo tempo acadêmica, de extensão, com participação da comunidade de Campinas e região, na qual se coletam dados para pesquisas, envolvem alunos de graduação, pós, docentes. Enfim, é aquilo que a Unicamp sabe e gosta de fazer, desse jeito alegre e no sétimo ano seguido”, declara.



Arruda destaca também a participação de pessoas com deficiência, a exemplo da edição anterior. Mas, desta vez, elas foram conduzidas pela família, conforme propõe o grupo Somos Especiais, de Campinas. A convite de José Victor Salgado, um dos idealizadores da Volta da Unicamp, o grupo de Adalberto Christian do Amaral cumpriu a prova de 5 quilômetros. “Ano passado, vim sozinho, mas este ano, trouxe o grupo”.

Correr tornou-se tarefa essencial na vida do operador de máquinas Júlio César Ribeiro depois que começou a conduzir o filho nas atividades organizadas por Amaral na Lagoa do Taquaral: “Tinha obesidade mórbida, fiz cirurgia bariátrica. Não adianta somente a cirurgia se não tiver a atividade física. Foi bom para minha saúde e estímulo dele. Comecei a fazer caminhadas com ele e respondia com sorriso, feliz. Vi que passou a ser uma criança mais alegre. Hoje, alternamos corrida e caminhada e não paramos mais. Ele gosta. Já corremos as provas do Hospitalhaços, depois do Boldrini, meia maratona de Campinas. Onde tem oportunidade, nós vamos”, declara Júlio.



Se a volta contemplou expectativas? “Fizemos uma série de ajustes e acontece o mais importante que é ver as pessoas alegres com as corridas. Houve mais adesão dos alunos do curso de educação física, principalmente do primeiro ano. Isso pode fomentar a corrida com uma coisa que a gente espera que seja a parte formadora dos estudantes”, avalia José Victor Salgado, um dos idealizadores da Volta. Educador físico, mestre e doutor pela Unicamp, ele lembra que nem era da área de corridas na graduação, quando sugeriu reunir um grupo de pessoas em torno da organização da 1ª Volta. “O que nos deixa mais felizes e ver que a corrida está incorporada em pessoas que sequer tinham caminhado e hoje estão na Volta da Unicamp e hoje vê correndo 10 quilômetros, mudou hábitos e qualidade de vida.”

A Volta da Unicamp é fruto de parceria entre o Grupo Gestor de Benefícios Sociais (GGBS), a Faculdade de Educação Física e a Reitoria da Unicamp.

Todos os resultados estão disponíveis na página da Corpus Eventos.





Matéria originalmente publicada no Portal da Unicamp em 28/11/2016.



 

 

Imagem de capa

0 Comentários

Deixe seu comentário