Artur, o Coral Infantil e o sonho de cantar com o Trappistas

event_noteAtualizado em: 21/06/2016

Até o dia de subir ao palco do Teatro Castro Mendes com o Trio Trappistas para cantar as composições de Walter Nascimento inspiradas em Rubem Alves, o pequeno Artur as cantava ao telefone para todos que ligassem em sua casa. Sexta-feira (17), às 20 horas, finalmente, o estudante realizou o sonho de cantar em um teatro ao lado dos amigos do Coral Unicamp Infantil e do trio Trappistas, formado por seu maestro, Wilson Nascimento, e os cantores Nei Santos e Pedro Cruz Barsalini. “Foi mais de um mês de ensaio e em casa ele queria cantar para todo mundo”, declara a mãe de Artur, Rute Barbosa. “Emocionante. Um presente”, acrescenta a funcionária da Unicamp sobre o show "Quando Rubem Alves virou canção". O evento foi inserido na agenda dos 50 anos da Unicamp.
 

 
“Uma experiência musical e poética”, inicia a narradora do evento, Edlaine Garcia, jornalista da EPTV Campinas, que mais uma vez participa de um show do Trappistas em homenagem a Rubem Alves. E foi imerso em música e poesia que o público acompanhou o roteiro aberto com a interpretação do trio para composições de Milton Nascimento, Skank, Caetano Veloso e arranjos de José Eduardo Gramani e Walter Nascimento.

Com desenvoltura, técnica e afinação, Artur e seus 53 amigos do coro, apoiado pelo GGBS, continuaram sendo crianças, animadas, emocionando seus familiares e toda a plateia. Janaína, mãe de Anna Kimberly, diz ser lindo ver o resultado dos ensaios, depois de ouvi-la bastante em casa. “Ela cantava no chuveiro ou no quarto, e a animação para apresentação era grande”, comenta a funcionária da Universidade.

"Walter Nascimento fez belíssimas canções a partir dos livros infantis do escritor e educador Rubem Alves.  Canções estas que tiraram lágrimas em alguns ensaios do trio vocal Trappistas. Canções que tocaram as crianças e se sensibilizaram os pais. Nunca vi antes tamanho envolvimento dos pais em tão curto tempo de trabalho. Nada impediu a presença das crianças nos dois meses de ensaio. Sim, dois meses de trabalho. Sem dúvida tempo recorde", comemora o maestro Wilson Nascimento. Ele acrescenta que "Quando Rubem Alves Virou Canção", projeto contemplado no edital 2016 do Castro Mendes, tornou-se um marco em sua vida como novo produtor, cantor e como regente de coro infantil. "Trabalhoso e compensador. Dormir com as canções na orelha e acordar com os números e as agendas", complementa.
 

Ao alinhavar as canções, Edlaine contou algumas curiosidades sobre o escritor, entre elas:

— Quem é Rubem Alves?, perguntaram uma vez.

A resposta veio de uma criança:

— Rubem Alves é alguém que gosta de Ipês Amarelos.


“E Rubem amou a resposta, pois diz que as pessoas são aquilo que amam. Para Rubens Alves, escrever era um jeito de continuar por aqui, mesmo depois de não estar mais entre nós. Cada texto seu é como uma semente e, depois quando ele for, elas ficarão e, quem sabe, um dia se transformem em um belo ipê amarelo. E então Rubem virou canção! E canção na voz de crianças, que, como ele mesmo disse, veem o mundo com o coração”, declarou Edlaine, antes que o trio cantasse Ipê Amarelo, composta por Walter Nascimento em 2014.

“A apresentação de hoje foi maravilhosa e emocionante, não sabíamos como seria porque é a primeira apresentação nesse formato. A única reclamação é que foi pouco tempo, queríamos mais”, manifesta assistente executiva da presidência da 3M do Brasil Lucy Pyles Barcellos, que acompanha o trio desde o início da carreira em 2012.

Formato este que exigiu o envolvimento de muitas pessoas, de acordo com o maestro Wilson, que, além de cantar, dirigiu o show. “Foi um dia intenso e delicado. Minha primeira vez com tanta gente no palco e fora dele. O Trappistas está crescendo. Hoje, nos vimos no palco com três cantores, cinco instrumentistas, um compositor, 54 crianças, uma jornalista, um assistente de direção, três educadoras, um técnico de som, um técnico de luz, um fotógrafo e um cinegrafista”, declara Wilson. 

Para Edlaine, revisitar Rubem, como parte de um projeto em sua homenagem, é como agradecer. “Tenho muita gratidão a Rubem Alves. Tive o prazer de entrevistá-lo várias vezes. E ele alimenta nossa alma e está à frente do que foi feito aqui. Agora o agradecimento especial a Raquel Alves, filha de Rubem, presidente do Instituto Rubem Alves”, declara.

Para Raquel Alves, o concerto foi o momento de estar diante de algumas canções que retratam sua própria história. “Foi muito emocionante, por dois motivos: um pessoal, de lembrar as histórias que meu pai escrevia para mim. Ver estas histórias musicadas é emocionante, uma forma de trazer saudade e lembrança e também. O segundo motivo é profissional, porque como presidente do Instituto Rubem Alves, ver a obra dele disseminada e eternizada de uma forma tão criativa e sensível é muito bonito e emocionante. “A menina e o pássaro” foi escrita para mim”, comenta a filha de Rubem.
 
“Costumo dizer que o Trappistas é como uma caixinha de música, delicada, e queremos dar corda e ouvir de novo. E a gente vai dando corda no que quer ouvir e, quando a gente para para ouvir, nossos sentidos despertam totalmente“, reforça Edlaine.

Na sexta-feira, a caixinha se abriu também para a voz de Artur, Kimberly e seus amigos. Uma história que certamente se repetirá.

 

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