Silvia Brandalise anuncia centro de atenção a sobreviventes de câncer

event_noteAtualizado em: 30/09/2016

Uma das idealizadoras da pediatria do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), fundadora e presidente do Centro Boldrini, Silvia Regina Brandalise iniciou este segundo dia do VI Simpósio de Profissionais da Unicamp (Simtec) com a palestra sobre sua “trajetória profissional e experiência na Unicamp”.
 
A palestra encerrou com uma notícia sobre um projeto social, ainda recente, dada em primeira mão aos participantes de sua palestra: a criação de um centro de cuidados crônicos para pacientes que sobreviveram ao câncer e hoje estão com 40, 45 anos. “Convidei a Daniela (Fernanda dos Santos Alves, diretora de Enfermagem do HC e membro da organização do Simtec) para assumir este centro. Essa é mais uma conquista e cada avanço como este é um degrau a mais que subimos na vida”.

De acordo com Silvia, ao pensar sobre sua passagem pela Unicamp, o melhor é fazer uma retrospectiva. “O fim foi quando a Diretoria Geral de Recursos Humanos (DGRH) me falou ‘a senhora tem que se aposentar’. Mas eu não queria”, conta a pediatra, relembrando a sensação de não pertencer mais à Universidade. “É esquisita e nos obriga a olhar pra trás”, declara. “Ao olhar pra trás pensamos: onde a vida nos levou? Como e por quê? Essa é uma reflexão interessante e necessária.”

Ao fazer a retrospectiva, Silvia relembra sua primeira visita à Unicamp, em 1968. Ao ver o campus, diz ter se deparado com “um matagal com apenas um prédio: a reitoria”.  Dois anos depois, em 1970, iniciou suas atividades na Unicamp, onde desempenhou várias funções, sendo as mais relevantes as de chefe de enfermaria de pediatria, chefe do laboratório de coagulação fibrinólise, responsável pelo serviço de hematologia/oncologia pediátrica, fundadora do Centro Integrado de Pesquisas Onco-Hematológicas da Infância (Cipoi), em 1988, que coordenou até 2013.

Em 1978, dez anos depois de sua primeira visita à Universidade, Silvia Regina Brandalise fundou o Centro Boldrini, que preside de forma voluntária até hoje. O Boldrini introduziu no Brasil o uso de tratamento especializado para pacientes infanto-juvenis, em uma época em que não havia chances de cura para o paciente com câncer.

Atualmente, estão em tratamento no Boldrini cerca de 7 mil pacientes, vindos de várias cidades brasileiras e alguns de países da América Latina. “Nós temos uma capacidade de 77 leitos e hoje estão internados em média de 60 pacientes. No ambulatório, atendemos 110 crianças todos os dias”, explica Silvia. “O importante é que essa atenção é não só durante o tratamento, mas também a reabilitação daqueles que ainda têm sequelas”, enfatiza.

Hoje o Centro Boldrini aceita pacientes encaminhados pelo Hemocentro ou pelo HC, todos com suspeitas de doenças hematológicas ou câncer. De acordo com Silvia, esta parceria com a Unicamp é constante e se dá por meio dos pacientes, dos residentes da pediatria, da hematologia, da radiologia, da física médica e também dos alunos de pós-graduação.

“O Zeferino Vaz, aprovou, em 1981, o primeiro programa de extensão Unicamp- sociedade através do centro Boldrini e acreditou que essa era uma excelente parceria. Fico feliz em corresponder hoje o que ele acreditou há 35 anos”, relata.

Para Silvia Brandalise, não existe mágica para se fazer o bem. Existe o coração e o e desejo do homem, além de sua capacidade e perseverança. Feliz em rever a Unicamp, fazer parte deste Simtec e falar sobre sua trajetória, Silvia Brandalise declara, por experiência própria, que cabe à sociedade mudar o meio em que está inserida. “A sociedade e a Unicamp possuem uma interface. E com essa interface aprimorada, com incentivo da sociedade, conseguimos a mudança através de projetos sociais”. Um destes projetos é o centro para o qual Daniela Fernanda foi convidada a dirigir.

Durante as palestras, a comissão organizadora do Simtec recolhe alimentos não perecíveis, que serão doados a entidade social em Campinas.
 

 

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